sábado, 2 de abril de 2011

A escravidão da beleza


Dayana Melo
Mar/2011

A exposição da beleza física na mídia tem levado a criação de conflitos em busca do tão sonhado “corpo perfeito”, entre mulheres e homens, principalmente os jovens. Em razão disso, as pessoas acabam perdendo um precioso tempo na vida e ficam totalmente infelizes.
Por mais que travem lutas contra a balança, queimando calorias nas academias, deixando pedaços de gordura nas clínicas de cirurgia plástica, tomando anabolizante ou pondo próteses de silicone no corpo, continuarão eternamente essa batalha do “corpo perfeito”.
O corpo perfeito não existe e nunca irá existir. É algo que as pessoas imaginam e nunca alcançarão. Por exemplo, quando um homem está “saradão”, uns acham lindo e outros ridículo, porque cada um tem sua própria opinião e gosto. Ninguém é obrigado a gostar de algo que não é agradável a seus olhos.
Nossas virtudes e ações são coisas que se nós devemos impor em nossa vida, e são muito mais importantes do que um nariz arrebitado ou uma roupa de grife. É preciso lembrar que valemos muito mais pelas coisas que fazemos, pela nossa ação cidadã, do que pela nossa aparência, ou pelas grifes que poderíamos possuir e que nos roubam a personalidade, substituindo-a por uma etiqueta.
Tem um livro de Thommas Mann em que existe um homem lindo, super em forma, mas muito burro e um outro homem super inteligente, mas com aquele corpo sem graça e feio. Nesse livro em um determinado momento há uma tentativa de colocar a cabeça do inteligente no corpo do bonito e isso de fato acontece, mas o resultado não foi nada agradável. Com o tempo, o corpo lindo e sarado não se habituou e acabou virando corpinho feio, gordo e sem graça. E o corpo sem graça vai virando corpão. Ou seja: toda tentativa de alterar o corpo indica uma desadaptação da pessoa ao seu corpo e isso existe em todo mundo, mas, claro, em graus diferentes. Submeter o próprio corpo a extremos evidencia uma grande desigualdade entre a autoimagem e o corpo que existe de fato.

Na vida real, corpo perfeito é aquele que tem cabeça, tronco e membros, e que funciona ao nosso comando. Sendo assim, as pessoas devem se aceitar como elas são e, com isso, tirar aproveito do que mais as diferencia dos demais, inventando o seu próprio modelo de beleza e bem-estar.

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